a péplos
Nasceu em 2017, em São Paulo, através da tecelã e pesquisadora têxtil Ingra Maia, inspirada pelas formas ancestrais de vestir e das técnicas de tecelagem utilizadas para esse fim. A palavra grega ‘Péplos’ remonta aos antigos mantos cerimoniais que eram tecidos por meses, geralmente por mulheres, e, depois de finalizados, oferecidos às imagens das deusas cultuadas na Grécia Antiga. Nossa ideia é retomar esse sentido ancestral do manto como um objeto de poder e conexão com a divindade, uma peça que sirva como aconchego, abrigo, empoderamento e amor próprio, e valorizar a tecelagem manual e os processos artesanais de tingimento natural como atividades cuidadosas e carinhosas.
Através desse trabalho, buscamos honrar a mãe-terra e também aos nossos corpos e divindades pessoais, e assim, ele se torna mais especial quando utilizamos matérias primas e técnicas sustentáveis que respeitam o planeta e toda a vida que ele abriga. Nossas peças são feitas a partir de algodão reciclado e o tingimento é 100% natural, feito a partir de folhas, frutos, cascas e raízes. Todo o processo de produção tem seu próprio tempo e cuidado, e se abre para o caráter experimental, que é identidade dos trabalhos manuais. Assim, produzimos peças que nascem da inspiração da tecelã, e também peças personalizadas sob encomenda, que são pensadas desde o início nos propósitos de quem irá vesti-la. É um fazer-vestir poético, do início ao fim.
a tecelã
Olá! Eu sou a Ingra Maia, tecelã e criadora da Péplos, e vou contar um pouquinho da minha trajetória pra vocês.
As artes manuais estão presentes, de alguma maneira, na casa de quase todo brasileiro. Na minha casa, quem me apresentou a tecelagem manual pela primeira vez foi minha mãe, com suas agulhas de tricô que ficavam meses, e às vezes anos, sem dar as caras pela casa, mas que quando apareceram, me despertaram curiosidade. Ainda assim, só depois de muitos anos, quando eu concluía um curso de moda, fui realmente pegar mais intimidade com os fios e as tramas. Meu projeto de conclusão era inspirado em processos muito pessoais, e o tecer do tricô aconteceu pra mim como uma gestação de algo muito potente, a cada ponto, uma célula.
Apesar de gostar das possibilidades de criação que a moda me oferecia, decidi cursar ciências e humanidades na faculdade, pois sentia que me faltava uma base teórica que pensasse mais através da sociologia e da filosofia.
Foi nesse período que tive meu primeiro contato com a técnica de tecelagem no tear manual de pente liço, e me apaixonei pela possibilidade de poder criar os meus próprios mantos, os “abrigos”, peças materiais e também simbólicas. Logo veio a nascer a Péplos, unindo tudo aquilo que eu acreditava: a potência dos têxteis como símbolo de proteção e aconchego, a peça como objeto sensorial e de autodescoberta e sua inserção em um contexto de consumo mais consciente, utilizando técnicas naturais que se desenvolvem lentamente, em seu tempo próprio.
Meu principal interesse e tema de pesquisa atualmente é a relação do ser humano com o fazer e vestir têxtil, suas percepções sensoriais, e a influência dos têxteis e do trabalho manual em si no pensamento/ conhecimento/ sentimento de mundo. Sou particularmente influenciada pela corrente do ecofeminismo e pelas filosofias latinoamericanas que falam sobre a descolonização do pensamento e do viver.
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