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Dentro do ramo de estudos e experimentos em tingimento natural, muito se fala sobre o potencial tintório de cada planta e sobre a mordentagem (preparação do tecido para que possa receber a cor e para que ele tenha melhor performance e fixação). Existe, entretanto, uma outra variável igualmente importante quando se trata da obtenção de corantes naturais, que é ao processo de extração.

Existem diversas formas de extrair corantes das matérias primas naturais; o mais comum deles é a extração com água, seja a frio ou a quente. É um dos métodos mais seguros e mais utilizados dentro da tinturaria natural, e pode trazer resultados muito satisfatórios. Porém, existem pigmentos que não são solúveis em água, e por isso outros tipos de solventes podem ser testados. Há literatura que cita o uso de substâncias como amônia, álcool, e outros processos naturais como a fermentação (que é o caso do índigo, por exemplo) para extrair outras tonalidades e/ou intensidades de cores para o banho de tingimento.

Dentre esses solventes, a opção que tenho achado mais interessante de testar é o álcool de cereais. Ele é para mim uma opção que apresenta mais segurança que as demais, como os compostos com amônia, que podem ser tóxicos – lembrando que não é só porque o tingimento é natural que não apresenta perigo-. Ainda assim, é importante lembrar que o álcool é um produto inflamável e deve ser utilizado com cautela.

Para entender um pouco sobre como um solvente diferente pode alterar o resultado no tingimento, trouxe um exemplo de um teste que fiz recentemente, com alecrim fresco em algodão, em panela de inox.

Primeiramente, fiz um teste de alguns raminhos da planta com extração em água em fervura.

Extração de pigmento de alecrim fresco em água fervente.

Podemos comparar a diferença da intensidade da cor da extração do corante em água fervente da imagem anterior com a extração a frio em álcool e água da imagem seguinte (uma solução de 70% de álcool de cereais e 30% de água). Para esse segundo teste, deixei os ramos imersos na solução de álcool e água por 5 dias em um frasco de vidro fechado, em ambiente afastado da luz solar. Esse método de extração é bastante utilizado em cosméticos e na fitoterapia.

Extração de pigmento de alecrim fresco em álcool e água.

Utilizar essa solução para banhos a frio, entretanto, não garante resultados tão bons – nesse caso é melhor utilizar o método de extração com água em fervura apenas. Acrescentando, então, mais água nessa solução, pode-se aquecer o liquido a aproximadamente 60ºC, para que o álcool comece a evaporar aos poucos. O processo segue por aproximadamente 1 hora e depois é recomendado que a fibra descanse durante a noite no banho, ou até chegar a temperatura ambiente. Na imagem a seguir, é possível comparar os resultados de ambas as formas de extração em questão: a primeira amostra é em algodão cru, sem tingimento, a segunda tingida com a solução em água fervente e a terceira, com a solução do extrato alcoólico.

Comparação de amostras em algodão.

A diferença de tonalidades é significativa, nos mostrando mais uma vez como o universo de experimentação com corantes naturais é vasto e cheio de possibilidades. Lembrando que estamos mexendo com componentes químicos, e toda a experimentação também deve ser feita com cautela e estudo.

No mais, me contem sobre seus experimentos e vamos construindo esse saber!

Bom tingimento!

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