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A tecelagem manual é uma das atividades mais antigas da humanidade. A origem do ato de tecer remonta ao ato ancestral de reunir e trançar materiais naturais, como galhos e fibras encontradas na natureza, para formar abrigos e utensílios.

O início da tecelagem está intimamente ligado ao das cestarias e ao das primeiras estruturas arquitetônicas construídas por mãos humanas. Entre os motivos historicamente especulados para o início da tecelagem como atividade está a construção de estruturas para a proteção do corpo. Isso poderia ser por razões climáticas, proteção de predadores, conforto e até mesmo a mobilidade – se pensarmos que o abrigo natural seria por exemplo uma caverna, ou seja, impossível de transportar para outros lugares, dificultando algumas atividades importantes para a sobrevivência de nossos ancestrais como a caça ou a vida nômade.

O princípio básico da tecelagem é o entrecruzamento de fios de urdume (sentido vertical) e trama (sentido horizontal). A partir daí, variações podem ser criadas. Com a sofisticação desses fazeres, primeiramente feitos com galhos e materiais semelhantes, e conforme evoluiam as tecnologias de nossos ancestrais, desenvolvem-se então os tecidos feitos com fibras já mais maleáveis e possíveis de serem fiadas, como as de animais (como por exemplo a lã) e vegetais (como o algodão e o linho). É difícil, porém, datar especificamente como e quando essas transições foram se desenvolvendo. Isso porque as fibras têxteis naturais são materiais orgânicos que acabam se decompondo com facilidade. Os indícios mais antigos que temos da existência de tecidos existem por uma análise de padrões marcados em cerâmicas antigas que ficaram preservadas ao longo dos milênios que nos separam de nossos ancestrais.

O tear como instrumento do tecelão

Já o tear em si é o instrumento que se desenvolveu para que fosse facilitado esse processo de entrelaçamento de fios, ou seja, a tecelagem. Até os dias de hoje podemos encontrar exemplares de teares bastante rudimentares em culturas preservadas pelo mundo. Mas também existem teares muito modernos, como os industriais. Quando pensamos, por exemplo, na Primeira Revolução Industrial, logo nos vem a mente a lembrança de que a modernização e automatização dos teares e máquinas do setor têxtil tiveram um papel de destaque histórico nesse processo.

Existem diversos tipos de teares, alguns verticais, outros horizontais, teares com pedais que permitem mais praticidade na construção de padronagens nos tecidos, entre outros. Aqui no atelier, utilizamos o tear manual de pente liço, que é um tear de estrutura simples, mas que nos permite entender o mecanismo básico da tecelagem.

Imagem de processo de tecelagem manual em tear de pente liço
Processo de tecelagem manual em tear de pente liço em nosso atelier

É possível brincar com as possibilidades que o tear oferece. E essa é a beleza desse trabalho, que pode ir do mais simples ao mais complexo. É um trabalho lento e alguns até dizem que “meditativo”. Exige presença, corpo e paciência. É um processo bonito que reflete a trama da vida, que vai se desenrolando e se revelando àquele que se dispõe a tecer com carinho.

Bibliografia:

JACQUES, Paola Berenstein. Estética da ginga: A arquitetura das favelas através da obra de Hélio Oiticica. Rio de Janeiro: Casa da palavra, 2001.

PEZZOLO, Dinah Bueno. Tecidos: história, tramas, tipos e usos. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2013.

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